Ninguém está a salvo de ter mau hálito em algum momento da vida. Mas há pessoas que sofrem diariamente com este problema. No Brasil, ele atinge de 30 a 40% da população. Os dados são da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas de Odores da Boca (ABPO). Há mais de 50 causas para a halitose, das quais 90% têm origem na própria boca.
A grande dificuldade em encontrar tratamento adequado é que ainda existem poucos profissionais capacitados e muitos mitos, como o de que o mau cheiro exalado pela boca vem do estômago. Chicletes e soluções para bochechos quase nunca mascaram o mau hálito.
Só quem viveu ou vive na pele o problema sabe o quanto este é um problema penoso, embora o tratamento seja relativamente simples e eficaz. Em boa parte dos casos há uma via sacra por gastroenterologistas, clínicos gerais, otorrinolaringologistas e até mesmo cirurgiões-dentistas, estes, sim, os indicados para identificar a origem da halitose.
Tentativas de suicídio, separações e reclusão social fazem parte do universo de quem tem mau hálito. E há gente famosa nesta lista, como os filósofos Platão e Aristóteles e o galã hollywoodiano Clark Gable. Embora reconhecida como entidade clínica em 1874, a sociedade ainda trata a halitose como tabu, mesmo não sendo doença, mas sintoma de que o organismo está em desequilíbrio.
É a falta de salivação adequada que leva ao mau hálito, como explica Daiane Rocha, presidente da ABPO no Ceará. Segundo ela, secam a boca as bebidas alcóolicas e quentes, como café, certos tipos de dietas, estresse, pouca ingestão de água durante o dia, jejum prolongado, remédios de tarja preta, drogas e cigarro. Se isso se repete com freqüência, o resultado é a halitose.
É que quando a boca fica seca, se proliferam bactérias presentes na língua, antes controladas pela saliva. Elas se alimentam de restos de comida e células mortas da própria boca, se multiplicando e liberando gases que, em 80% dos casos, têm odor de enxofre, substância volátil e responsável pelo mau cheiro de ovo podre.
Além destes aspectos fisiológicos, Dra Daiane lembra que há as razões patológicas, como doenças que alteram o funcionamento das glândulas salivares e as inflamações na gengiva provocadas pelo tártaro. Os diabéticos têm hálito parecido com acetona quando a glicemia altera. A deficiência renal provoca hálito igual ao de urina. Doenças no fígado provocam hálito de rato morto. O refluxo constante de vômito, comum em quem tem bulimia, é outra característica de odor. E o hálito de sangue deteriorado é de pacientes recém-operados.
Thaís Gonçalves
fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=189692